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02/07/2024Após trocas de sinal pela manhã e no início da tarde, o dólar à vista disparou nas duas últimas horas de negociação e encerrou o pregão desta segunda-feira (dia 1º) em alta de 1,16%, cotado a R$ 5,6533, no maior valor de fechamento desde 10 de janeiro de 2022 (R$ 5,6743). Na máxima, a divisa atingiu R$ 5,6578. Foi o quinto pregão consecutivo de valorização do dólar, que já acumula ganhos de 16,48% no ano. A nova rodada de alta da moeda americana por aqui ocorreu em ambiente desfavorável a divisas emergentes. As taxas dos Treasuries renovaram máximas ao longo da tarde, atingindo o maior nível em um mês, movimento atribuído pelos analistas ao aumento das chances do republicano Donald Trump na corrida presidencial após o desempenho ruim do presidente Joe Biden em debate no fim da semana passada. Além disso, hoje a Suprema Corte dos EUA determinou que Trump tem direito a imunidade parcial em processos que responde na Justiça.
A moeda brasileira não apenas terminou o dia com perdas bem maiores que a de seus pares latino-americanos, como os peso chileno e mexicano, como apresentou o pior desempenho entre as principais divisa globais. Apenas o rand sul-africano e o rublo russo tiveram também queda maior que 1% em relação ao dólar. O real segue castigado pelo que os analistas já classificam como uma crise de confiança no governo Lula, associada ao ceticismo com o cumprimento do novo arcabouço fiscal e a temores de ingerência nas decisões de política monetária a partir de 2025, quando o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, será substituído por nome indicado pelo presidente Lula.
Operadores notaram um movimento comprador mais intenso no mercado futuro na reta final dos negócios, com possível disparada de ordens para limitação de perdas (stop loss) por investidores que ainda carregam posições vendidas em dólar (que apostam na queda da moeda americana). Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro movimentou mais de US$ 18 bilhões, um volume bem expressivo e pouco usual para um pregão de segunda-feira – o que sugere mudança relevante no posicionamento dos agentes.
Há uma busca por hedge cambial e um aparente movimento especulativo que exacerba a depreciação da moeda, talvez numa tentativa de levar o Banco Central a intervir no mercado com nova oferta de swaps cambias ou até venda no mercado spot. Segundo dados da B3, na sexta-feira, os investidores estrangeiros ampliaram a posição comprada em derivativos cambiais em US$ 3,7 bilhões, para cerca de US$ 82 bilhões, novo pico histórico. Parte desse movimento pode ser atribuído à rolagem de posições no último pregão de junho.
Pela manhã, em entrevista a uma rádio da Bahia, Lula voltou a atacar o BC e a gestão da política monetária. “Quem quer o Banco Central autônomo é o mercado”, disse “Nós não precisamos ter política de juro alto neste momento. A taxa Selic a 10,50% está exagerada”. As declarações são mais um capítulo na série de investidas do presidente contra o BC e Campos Neto nos últimos dias.
À tarde, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o governo Lula trouxe de volta o reequilíbrio fiscal, após a gastança da era Bolsonaro, e que o compromisso com o novo arcabouço será reafirmado no envio do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025. “O governo vai cumprir o que está no arcabouço”, disse Padilha. “O resto é especulação, e quem fica especulando sobre qualquer irresponsabilidade fiscal vai errar de novo”.
Publicado por Carolina Ferreira
*Com informações do Estadão Conteúdo
Fonte: Jovem Pan Read More